Em  23 de março de 2010, a Serasa Experian estimou que 85% das empresas  ainda não estavam prontas para emitir NF-e no  dia primeiro de abril.
Conforme notícia liberada à imprensa, “um levantamento da  Unidade de Negócios de Identidade Digital da Serasa Experian  estima que 85% das 240 mil empresas que terão de emitir Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)  a partir de 1º de abril ainda não estão prontas.”
“Há menos de 10 dias para o cumprimento do Protocolo ICMS 42,  temos um universo estimado de mais de 200 mil empresas – das 240 mil  estimadas para esta primeira leva de empresas em 2010 – que ainda não  solicitaram o Certificado Digital para NF-e,  e ele é apenas um componente do processo”, declarou o presidente  da Unidade de Negócios de Identidade Digital da Serasa Experian,  Igor Ramos Rocha.
Até  mesmo a Coordenação Nacional do Projeto manisfestou-se afirmando que “o número de novos contribuintes emissores  foi abaixo da expectativa. Este fato reforça a necessidade da realização  de uma operação nacional para fiscalização de contribuintes que não  estão atendendo à obrigatoriedade definida no Protocolo 42.”
Os números não mentem
Conforme dados oficiais da Receita Federal do Brasil  (RFB), em dezembro de 2009 tivemos 2.527.415 notas eletrônicas emitidas  por dia, em todo o país. A mesma autoridade fiscal, informou que em  janeiro de 2010 a média diária foi de 2.370.202 documentos  eletrônicos. Compreensível a ligeira queda na média, visto que dezembro  sempre é um mês de maior atividade econômica, comparativamente à janeiro.
Em  1º de abril de 2010, o  Portal Nacional da NF-e  informava um volume total de   887.715.909   autorizadas até a data.
Pois hoje, 12 de abril, o Portal exibe 913.328.806  documentos autorizados. Ou seja, nos primeiros 11 dias do mês tivemos   25.612.897 notas autorizadas, representando uma média diária  de   2.328.445,18 emissões.
Mesmo  considerando a média por dias úteis a variação percentual é pequena:
    
        
            | Mês | 
            Quantidade NF-e | 
            Média por
               
            dia útil 
             | 
            Var % | 
        
        
            | dez/09 | 
            75.822.449 | 
            3.791.122 | 
              | 
        
        
            | jan/10 | 
            73.476.273 | 
            3.673.813 | 
            -3% | 
        
        
            | abr/10 | 
            25.612.897 | 
            4.268.816 | 
            16% | 
        
    
 
A situação fica ainda mais difícil de compreender quando  analisamos a quantidade de empresas emissoras por “onda” de  obrigatoriedade:
    
        
            | Onda | 
            Data | 
            Quantidade
               
            de Empresas 
             | 
            Emissão Mensal 
            (milhões de NF-e) | 
        
        
            | 1a | 
            abr/08 | 
            850 | 
            3,5 | 
        
        
            | 2a | 
            dez/08 | 
            2.500 | 
            20,0 | 
        
        
            | 3a | 
            abr/09 | 
            5.000 | 
            45,0 | 
        
        
            | 4a | 
            set/09 | 
            15.000 | 
            75,0 | 
        
        
            | 5a | 
            abr/10 | 
            240.000 | 
            ? | 
        
    
 
Quantidade de NF-e´s autorizadas
 
Possíveis causas
Posso apontar algumas possíveis causas para um número tão  pequeno de novos emissores:
1) Falta de divulgação. Autoridades  fiscais, entidades de classe e fornecedores de tecnologia não fizeram o  dever de casa no tocante à divulgação. Claro que há exceções honrosas,  mas em geral, pouco foi feito para alertar empresários sobre a gravidade  e profundidade da questão. Parece que cada um jogou a “batata quente  para o outro”. E o público ficou mais preocupado com outro Big Brother….
2) “Certeza” da  impunidade. Alguns empresários, mesmo sabendo da  obrigatoriedade, apostaram na impunidade, adiamento ou anistia. Só o  futuro dirá se foi uma boa aposta ou não... Eu duvido!
3) Imprensa alheia ao processo. Também neste caso há louváveis  exceções. Mas, como regra, os veículos de comunicação mantiveram-se  ausentes. Poucos debates, poucas notícias. Parece até que a NF-e não  irá afetar a vida das indústrias, comércio atacadista e comércio  varejista (como destinatários do documento fiscal eletrônico). Sem falar  nos produtores rurais, que cedo ou tarde entrarão na dança - aliás, em  alguns estados o "bailão rural" já começou. Mais ainda, com a sonegação e  outras fraudes fiscais internadas na CTI, quem irá pagar a conta  tributária? Ora, o bom e velho contribuinte! Então, como deixar um tema  destes fora dos noticiários?
4) Instituições de ensino ausentes. Diante  da maior transformação empresarial do nosso país, os centros de ensino  de administração e contabilidade não perceberam que a educação é o  principal fator de sucesso neste processo de adaptação. Raros são os  cursos que explicam com qualidade o que é a NF-e do  ponto de vista fiscal. As implicações gerenciais na cadeia produtiva  ficaram completamente abandonadas. Tudo leva a crer que ainda formamos  gestores para era industrial, e não para o Mundo do Conhecimento, onde  todas empresas estarão integradas através da tecnologia da informação.  Lembro, mais uma vez, que há exceções. Algumas poucas instituições  produziram cursos de altíssimo nível neste sentido.
Creio que todos estes fatores  contribuíram para o problema. Certamente a solução passará por ações em  todos estes campos. Mas não sem dor. Aguardem!