Notícia
Novos empreendedores aliam atuação social e busca pelo lucro
Movimento foi batizado de setor "dois e meio", caminho intermediário entre área privada e ONGs
A  distância que separa empreendedores empresariais, com foco no mercado e  na geração de lucros, dos empreendedores sociais, preocupados com a  solução de problemas sociais, é cada vez menor.
Especialistas ouvidos pela Folha relatam que há um movimento crescente  de empreendedores que buscam aliar as duas lógicas (do lucro pessoal e  do retorno social) em um mesmo projeto. E isso vem atraindo mais a  atenção de quem não se enquadra nos estereótipos do empresário que só  pensa em dinheiro ou do cidadão engajado que trabalha de maneira quase  voluntária.
"É um fenômeno que chamamos de setor "dois e meio", uma zona cinzenta  entre o segundo setor [privado] e o terceiro setor [organizações sem  fins lucrativos] que não para de crescer no Brasil e no mundo", afirma o  coordenador do Centro de Cooperação da FGV-SP (CCGV), Ademar Bueno.
Parte do fenômeno tem origem na profissionalização da gestão nas  organizações sociais. Nos anos 90, a doação de recursos a projetos  sociais pelas empresas deu lugar ao conceito de investimento social  privado, no qual os doadores passaram a exigir avaliações detalhadas do  retorno social daqueles recursos, com métricas e comparações semelhantes  a um investimento financeiro.
Junto com a ascensão do movimento de responsabilidade social no mundo  empresarial, isso atraiu profissionais que nunca haviam atuado em  organizações sociais. Ao lado de engajamento, capacidade técnica e  qualificação profissional também passaram a ser requisitos para  trabalhar no setor.
"Se, nos anos 90, a questão central da ação social era a  profissionalização do setor, das ONGs e fundações, nesta década é  justamente essa zona cinzenta entre segundo e terceiro setores, com  negócios sociais que garantem sua própria sustentabilidade", reforça o  secretário-geral do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife),  Fernando Rossetti.
Uma combinação de fatores explica a expansão acelerada desse novo  perfil de empreendedor nos últimos anos. Um deles é a manutenção de  médias salariais mais baixas no terceiro setor em relação ao restante do  mercado, o que afasta profissionais em início de carreira e em busca de  uma situação financeira confortável.
RETORNO
Outro é o crescente interesse de financiadores de olho no retorno  -social e financeiro- dos projetos. A expansão de fundos destinados  exclusivamente a negócios sociais, que representam uma espécie de versão  sofisticada das instituições de microcrédito, é bom exemplo.
"Quando se fala hoje em negócio social ou negócio sustentável, isso não  representa jogar a fundo perdido, mas sim trazer retorno para quem fez  aquele investimento", afirma a fundadora da Plataforma Sinergia, Rosana  Perroti, ela mesma uma representante dessa nova geração de  empreendedores sociais.
Para a diretora do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento  Social (Idis), Márcia Woods, a aproximação entre os perfis do  empreendedor empresarial e do social também provoca um efeito curioso.  "Já vemos casos de doadores tão engajados, participando não somente com  recursos mas também com soluções, que eles mesmos podem ser chamados de  empreendedores sociais", conclui.
Autônomos deram emprego a mais de 14 mil pessoas
Mais de 14 mil pessoas foram empregadas pelos trabalhadores autônomos  que aderiram ao programa Empreendedor Individual, segundo levantamento  do Ministério do Desenvolvimento obtido pela Folha.
O programa foi instituído há 15 meses para possibilitar a regularização  e formalização de trabalhadores autônomos, e beneficia os cadastrados  com acesso a compras governamentais, enquadramento no Simples Nacional e  isenção nos tributos federais.
Para poder se cadastrar, o beneficiado deve ter faturamento de, no  máximo, R$°36°mil ao ano e possuir até um empregado contratado que  receba salário mínimo ou o piso da categoria.
 
											 
							
							